Publicidade
ABC Notícias entrevista o mestrando João Pedro Moretti: o papel da erva-mate no Rio Grande do Sul
A planta é objeto de concurso e campanha de conscientização no estado.
Publicado em 06/06/2025 às 09:40
Atualizado em 07/06/2025 às 08:39
Capa ABC Notícias entrevista o mestrando João Pedro Moretti: o papel da erva-mate no Rio Grande do Sul

Foto de Arquivo pessoal/João Pedro Moretti 4l39

O Rio Grande do Sul vive um momento especial: um concurso em busca do maior exemplar de erva-mate do Rio Grande do Sul.

A competição tem por objetivo conscientizar a respeito da tradição e necessidade de conservação da espécie no estado. Também busca encontrar a planta que será um referencial para a geração de mudas de qualidade e preservação e estudo genético.

Para o ABC Notícias, concedeu uma breve entrevista João Pedro Moretti, mestrando do Programa de Pós Graduação em Sistemas Ambientais e Sustentabilidade pela UPF/UNIJUI, e um dos envolvidos na organização e divulgação da competição.

A entrevista surge em complemento à matéria especial sobre o concurso: Competição de Erva-Mate: concurso procura a maior planta de erva-mate do Rio Grande do Sul.

ABCN – Como o concurso pode contribuir para a visibilidade local do vencedor?

JOÃO – O concurso espera ampliar a cultura florestal junto aos proprietários rurais, uma vez que são grandes responsáveis pela conservação desse patrimônio natural. Além disso, as árvores vencedoras podem ser consideradas árvores matrizes, fornecendo sementes que ficarão disponíveis para os viveiros do poder público, da iniciativa privada, contribuindo assim para a produção de mudas de qualidade e para a conservação genética. Através desse princípio que entra a visibilidade do vencedor, sendo o responsável por possuir a maior erva-mate do RS e contribuindo com a sua propagação e conservação da espécie.

ABCN – Esse concurso tem algum significado pessoal para você?

JOÃO – Sim, na verdade esse concurso tem um grande significado para todos os envolvidos na sua idealização pois ele representa uma oportunidade concreta de valorizar algo que muitas vezes a despercebido, que são as árvores como seres vivos antigos, resilientes e profundamente conectados à nossa história e identidade regional. No caso da erva-mate, o significado é ainda mais forte, justamente por ser uma árvore que está na cultura, no chimarrão compartilhado, nas conversas em roda, nas memórias da infância e no sustento de muitas famílias. Ver essa árvore sendo reconhecida, medida, cuidada e celebrada é uma forma de reafirmar nossa ligação com o território e com a natureza.

ABCN – Existem várias formas de ser cidadão e de ser um acadêmico engajado com o bem social. Você se sente parte de um projeto maior que o diploma quando se dedica a ações como esta? Se sim, o que te move?

JOÃO – Sim, ao realizar trabalhos como esse me sinto parte de um projeto maior que o diploma, especialmente ao poder trabalhar com ações sociais que tem como foco o meio ambiente e conservação da natureza, pois ser um acadêmico engajado, significa entender que o conhecimento não deve ficar à sala de aula ou aos textos científicos, ele precisa gerar impacto e ser ível para todos. Ao me envolver em projetos como esse, percebo que esse conhecimento adquirido pode gerar impacto significativo na conservação do meio ambiente, bem como na vida das pessoas, através de atividades que incluam ambos, como no caso do concurso. Por fim, posso dizer que o que me move é a possibilidade de ver ações como essa e diversas outras, que unem a sociedade, o meio ambiente e a conservação da natureza, darem certo, permitindo que tenhamos esperança para o futuro.

ABCN – Qual a relevância da espécie para os biomas do RS, além da economia?

JOÃO – Ecologicamente, a erva-mate desempenha um papel fundamental na conservação dos biomas locais, especialmente na Floresta com Araucárias, que faz parte da Mata Atlântica. Isso, pois ela contribui para a conservação da biodiversidade, funcionando como uma espécie que sustenta diversos animais, como aves e insetos, que dependem de seus frutos e da estrutura da planta para abrigo e alimentação. Além disso, favorece a manutenção das áreas de mata nativa, principalmente quando cultivada em sistemas agroflorestais, que combinam produção agrícola e conservação ambiental. Esses sistemas ajudam a proteger o solo contra erosão, a preservar os recursos hídricos e a regular o microclima local. Já no viés econômico, o Brasil se destaca como um dos maiores exportadores de erva-mate. Além disso, ela impulsiona a agroindústria com empresas que produzem chás, cápsulas, cosméticos e outros produtos existentes à base da planta, promovendo assim a inovação e agregação de valor à matéria-prima.


Publicidade